segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pensando no Suicídio e na Sociedade

Durante uma entrevista para a produção de um vídeo conversei com um psicanalista daqui de Salvador sobre a questãao do suicídio. Estava tentando encontrar nele um reforço sobre relação entre o suicídio e a Homossexualidade/Homofobia.

Disse ele que a "opção" sexual(óóóó céus - não é uma opção - começamos bem rsrsrs) nada tinha a ver com um ato suicída que alguém (homossexual) venha cometer. Aí veio todo aquele discurso de dor na alma (que eu concordo) e que o sujeito escolhe se matar por uma questão somente interna e que fatores externos não teriam força para agir no sujeito com tal força bá blá blá blá.

Pausa.

Respira fundo, se segura pra não cair da cadeira.

Há muito tempo não discordava tão ferozmente de alguém. Me senti completamente embasbacada de ouvir tal asneira de um psiquiatra/psicalista.

Hoje já consegui me recompor do choque, então vamos lá;

De que mundo vem o ET que acredita que as dores na alma não são dores causadas pela interpelações sociais? Se existe esse planeta, deve ser um mundo bem melhor que o nosso.

Se alguém discorda disso por favor, me convença .

Canso de ver nas comunidades sobre pessoas que cometem suicídio e deixam seus perfis ativos nos sites de relacionamento e os q vão confrontar os suicidas se encomodam: " tão bonita e se matou", "parecia tão feliz e se matou", "nossa...tinha filhos,família,uma vida confortável e se matou" , "tinha tantos amigos, tão amado e se matou".
Às vezes a pessoa é tudo isso junto e se mata.
Não me venham dizer, psicalistas ETs, que isso nada tem a ver com as opressões sociais a quais estamos submetidos todos os dias.

Minha questão aqui é a homofobia como um fator estressante ao homossexual que favorece a ideação suicida. A
Heteronormatividade, é somente um exemplo de interpelação social. Logicamente que o sujeito vítima da homofobia (nem sempre explicita) é corroído por dentro silenciosamente e nunca isoladamente. A soma de ataques externos provoca danos internos fazendo-o atentar contra sua própria vída. Há diversos fatores até que se chegue a ideação suicida.

Talvez ninguém se mate por ser homossexual, negro, judeu, deficiente, seja lá qual seja o grupo minoritário, qualitativamente falando. Estes se matam pela culpa, vergonha, exclusão, por serem coagidos diariamente por uma sociedade (no sentido mais concreto possível) que de algum forma acabam por não seguir as regras (heteromativas, brancas, masculinas e eurocentricas) dita como certa e normal.

Os efeitos desses sentimentos são as tais feridas na alma. Então não me venham com xurumelas somos todos culpados pelos suicídios crescentes e diários.

É isso aí!
POR CARLA FREITAS

Um comentário:

  1. Não esqueça que aquela pobre e perturbada criatura estava meio, digamos, fora de si. Acredito sim, que o meio externo influencia no que sentimos e que pode sim ser uma influência fortíssima no que tange o suicídio. Isso é fato, temos números que comprovam isso. Pessoas atormentadas, perseguidas, muitas vezes cometem o suicídio para fugir, quando não para que o indivíduo causador do seu tormento, sinta-se culpado pelo mal que fez. Enfim, é isso aí.

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