domingo, 3 de julho de 2011

Suicídio entre médicos e estudantes de medicina





O mundo está se tornando mais saudável, e a saúde da população se deve ao trabalho dos médicos e ao avanço tecnológico, embora aqueles continuem a trabalhar contra os próprios interesses.

Simon e Lumry1 apontam algumas razões para a elevada taxa de suicídios entre os médicos:

1) médicos tendem a negar o estresse de natureza pessoal;
2) médicos tendem a negar o desconforto psicológico;
3) inclinações suicidas são acobertadas (tratamento mais difícil);
4) médicos elaboram, mais freqüentemente, esquemas defensivos (fecham-se para qualquer intervenção terapêutica eficaz);
5) negligência da família e dos colegas (ele é médico, sabe se cuidar); os médicos têm o meio do suicídio ao alcance das mãos (métodos mais eficazes para o êxito).

Em 1903, o editorial do Journal American Association2 expôs que os médicos com uma predisposição mórbida, e sem princípios elevados ou inibições morais, optavam pelo suicídio como uma maneira direta e efetiva de eliminar seus problemas. Merecem atenção, aqui, as tendências materialistas que acreditamos existir entre os médicos, pois a morte lhes é familiar, em todas as suas formas, além de terem o meio do suicídio ao alcance das mãos.

FATORES DE RISCO NA POPULAÇÃO MÉDICA

O risco de suicídio é quase sempre reconhecível e previsível. Esforços precisam ser feitos para melhorar o diagnóstico, terapêuticas e prevenção daqueles médicos que fazem gestos ou tentativas de suicídio, e, muitas vezes, com sucesso. Sabemos que tentativas e atos suicidas são gritos de ajuda ("cry for help" — Stengel9), desejos de comunicação que precisam ser respondidos direta e imediatamente. A falta de controle pode, muitas vezes, conduzi-lo para comportamentos impulsivos ou imaturos e, possivelmente, para o suicídio.

Como na população geral, encontram-se fatores importantes com relação a idade, sexo, profissão, estado físico e fatores psicossociais














LETALIDADE E DISPONIBILIDADE DO MÉTODO

O uso de um método para suicídio está intimamente relacionado com sua disponibilidade, aceitação cultural e a letalidade25.

A ingestão excessiva de drogas é uma forma de suicídio muito aceita culturalmente, sendo os medicamentos, principalmente os psicofármacos, utilizados na maioria dos suicídios de médicos







CONCLUSÕES

É fundamental o preparo do estudante de medicina diante das reais condições de seu futuro trabalho, não estimulá-lo a utilizar idealizações onipotentes para enfrentar situações de difícil controle durante sua vida profissional.

Para o médico já em exercício da profissão, um programa de conscientização e orientação de que a informação técnica anteriormente adquirida não lhe dá imunidade aos conflitos emocionais. Publicações constantes para familiarização por parte dos colegas médicos com a profilaxia e reconhecimento dos sinais preditivos de suicídio. Desenvolvimento de uma assistência psiquiátrica e psicoterápica para médicos em risco de suicídio. Preparo de profissionais para lidar com esse grupo de pacientes, pois os sentimentos positivos e negativos da contratransferência se misturam, principalmente os de identificação. É imperativo que a equipe defina sua relação com o paciente-médico e enfatize a sua responsabilidade de cooperação, evitando privilégios especiais. Pensamos ser importante que a equipe não seja familiar (conhecida) do paciente médico.

Como dizem Rose e Rosow, o suicídio médico é um desperdício trágico de recurso humano.

Nossa classe deve tornar mais sensível a existência desse problema e mais apta a reconhecer "o pedido de ajuda" de um colega e de si mesmo, sem, contudo, deixar de zelar pelos interesses do público.

FONTE:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42301998000200012

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