sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Relatório - Prevenção suicídio LGBTT

O relatório de consenso sobre LGBT comportamento suicida e prevenção já está disponível. Por favor, leia-se:

Um grupo de 26 investigadores de renome, médicos, educadores e especialistas em política lançaram um relatório abrangente sobre as causas subjacentes e prevalência de comportamento suicida em lésbicas, gays, bissexuais e transexuais adolescentes e adultos. O relatório será publicado como artigo principal da edição de janeiro de 2011 o Journal of Homosexuality. O artigo está disponível online e será exibida em impressas em 19 de janeiro.

Intitulado "suicídio e Risco em Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros Populações: Análise e recomendações", o relatório faz recomendações varrendo para fechar lacunas de conhecimento sobre o comportamento suicida em pessoas LGBT, e pede para fazer LGBT prevenção do suicídio uma prioridade nacional.

"Com este relatório e as recomendações, esperamos movimentar LGBT prevenção do suicídio diretamente na agenda nacional e fornecer um quadro para as acções destinadas a reduzir o comportamento suicida nessas populações", disse Ann Haas, autor e diretor de projetos de prevenção para AFSP . "É hora de o governo federal, agências de prevenção do suicídio, profissionais de saúde mental, os decisores políticos e organizações LGBT de se unir para trazer o problema para fora do armário e trabalhar em direção a soluções eficazes."

Apesar de quatro décadas de pesquisas que apontam para elevados índices de tentativas de suicídio entre as pessoas LGBT, as iniciativas nacionais de prevenção do suicídio, incluindo o 2001 Estratégia Nacional para a Prevenção do Suicídio, têm dado pouca atenção ao risco de suicídio de pessoas das minorias sexuais.
Principais conclusões e recomendações

• O relatório cita dados da investigação forte das taxas significativamente elevadas de vida relatadas tentativas de suicídio entre os adolescentes LGBT e adultos, em comparação com comparativamente-idade as pessoas heterossexuais. No entanto, os autores encontraram evidência empírica limitada dos maiores índices de mortes por suicídio nas pessoas LGBT, principalmente por causa da orientação sexual e identidade de gênero não são indicados nos registros de morte em os EUA ea maioria dos outros países.
• Apesar de vários estudos apontam para elevados índices de ansiedade, depressão e abuso de substâncias entre as minorias sexuais, o painel concluiu que estes problemas, por si só, não leva em consideração as taxas mais altas de tentativas de suicídio, que foram relatadas por pessoas LGBT. Assim, o relatório de consenso identificado o estigma ea discriminação como desempenhando um papel fundamental, especialmente atos como rejeição ou abuso por parte de membros da família ou colegas, assédio moral e, a denúncia de comunidades religiosas e discriminação individual. O relatório destacou também evidências de que leis discriminatórias e as políticas públicas têm um profundo impacto negativo sobre a saúde mental de adultos gay.
• Em uma série de recomendações, o painel de consenso sobre as organizações LGBT chamado para liderar os esforços para melhorar a identificação precoce da depressão, ansiedade, abuso de substâncias e outros transtornos mentais entre as pessoas LGBT, e empurrar para o desenvolvimento e teste de uma ampla gama de culturalmente mental adequados tratamentos de saúde e as iniciativas de prevenção do suicídio.
• O painel de consenso chamada para a revisão dos diagnósticos referentes a pessoas transexuais na 5 ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico (que deve sair em 2013) para afirmar que a identidade de gênero, expressão e comportamento que diferem do sexo de nascimento não é indicativa de um transtorno mental .
• Outras recomendações foco na melhoria da informação sobre as pessoas LGBT através da medição da orientação sexual e identidade de gênero em todos os inquéritos nacionais de saúde em que a privacidade dos entrevistados podem ser protegidos de forma adequada, e incentivar os pesquisadores para incluir estas medidas em estudos de população em geral relacionados ao suicídio e à saúde mental.
AFSP liderou o desenvolvimento do presente relatório, que surgiu a partir de uma conferência de consenso sobre LGBT risco de suicídio patrocinado pela Fundação, a Médica gay e lésbica de Associação e do Suicide Prevention Resource Center. O relatório é parte do esforço de prevenção do suicídio AFSP LGBT, que é financiado por uma doação da família de Johnson Foundation. Para saber mais, acesse www.afsp.org / lgbt.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Entidade americana investe na prevenção do suicídio de jovens LGBT

Estudantes apontam que um jovem LGBT tem sete vezes mais probabilidade de cometer suicídio.


A National Action Alliance for Suicide Prevention – entidade americana no combate ao suicídio – anunciou na última quinta-feira, dia 30, a criação de uma nova força-tarefa para ajudar na prevenção do suicídio de jovens LGBT do país.


Entidade cria força-tarefa para prevenir o suicídio de jovens LGBT (Foto: iStockphoto.com/Jorge Kroh)
“Essa força-tarefa reunirá as melhores cabeças do país para combater o suicídio e garantir que todos jovens LGBT tenham a oportunidade de crescerem em uma comunidade de apoio e entrarem na idade adulta com segurança”, revelou Charles Robbins, diretor executivo da ONG LGBT Trevor Project e atual dirigente da nova força-tarefa ao lado de Kevin Jennings, diretor do Departamento de Educação e Escolas Sem Drogas dos Estados Unidos.

O aumento dos suicídios de jovens LGBT nos Estados Unidos ganhou destaque na mídia mundial em 2010. Estudos apontam que a probabilidade de um adolescente homo, bi ou transexual se suicidar pode ser sete vezes maior do que a de um heterossexual.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

É válido esse tipo de apelação publicitária?



Esse é o novo comercial do Audi. Nem preciso comentar o quão achei de péssimo gosto o tema pra abordar o produto. Achei além de sem noção nada atrativo....a não ser pela polêmica que pode e deve gerar.


É válido esse tipo de apelação publicitária?


Até que ponto podemos chamar isso de sugestão?Apologia?Idéia infeliz?


Essa propaganda não se enquadraria juridicamente em "incitação ao suicídio"?




Em fim , coisas a pensar, volto aqui com refelxões. Em breve.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Discriminação - Quando o suicídio denuncia.

Discriminação leva jovens homossexuais ao suicídio


“Eu sempre fui o melhor em tudo”, diz Geraldo*, 19. Aluno dedicado e filho comportado, o garoto entrou em crise quando descobriu que é gay. “Vi que não seria o melhor em alguma coisa”, diz.

De tanto ouvir que sua vida estava errada, ele acreditou. Há um ano, injetou ar no braço, à espera da morte. Foi socorrido no hospital.

A história de Geraldo é semelhante à de quatro adolescentes norte-americanos que se mataram em setembro passado, alertando o país inteiro para um tipo de preconceito que pode ser fatal.

As mortes levaram o presidente Barack Obama a gravar um vídeo para o site It Gets Better (isso melhora, em português). A campanha (bit.ly/itgets) reúne depoimentos cuja mensagem é simples: ser gay não é errado.

Ainda assim, os homossexuais são uma minoria que sofre discriminação. Às vezes, a níveis insuportáveis.

Foi assim com o estudante de biologia Henrique Andrade, 21, que no dia 22 foi chamado de “bicha” durante uma comemoração de alunos da USP. “Falaram que eu estava manchando a festa.” Ele levou chutes e socos.

“A homofobia está na sociedade e faz com que o gay ache que ele vale menos do que os outros”, explica Lula Ramires, coordenador do Grupo Corsa (corsa.wikidot.com), que defende a diversidade sexual. A discriminação surge como ingrediente-chave nas pesquisas que apontam para a relação entre homossexualidade, juventude e suicídio.

O bullying pode causar o que os psicólogos chamam de “egodistonia” –alguém não gostar de como é.

“É um sofrimento muito grande se sentir fora da norma”, diz Alexandre Saadeh, psiquiatra do Hospital das Clínicas. “A discriminação, para alguém que é humilhado em casa, por exemplo, pode se tornar insuportável.”

PAIS & AMIGOS

A aceitação ou não dos pais é um fator de peso, segundo Miguel Perosa, professor de psicologia da PUC-SP.

“O jovem pode sentir que não pertence a esse mundo que o discrimina”, afirma.

“Suicídio passa pela minha cabeça todos os dias, está cada vez mais difícil”, desabafa o técnico em farmácia Caio*, 22. Demitido na semana passada, ele diz que foi dispensado porque é gay. Nos corredores, ouvia colegas o chamarem de “veado”.

“Me faz querer dar um fim a isso”, diz. “Eu respiro fundo, mas o pensamento é forte.” Há três anos, ele tomou veneno. Mas sobreviveu.

Psicólogos recomendam que jovens com ideias suicidas busquem ajuda profissional imediatamente. Amigos devem ficar por perto.

Outra sugestão é procurar entidades como o GPH (Grupo de Pais de Homossexuais, www.gph.org.br), que faz reuniões quinzenais para ouvir jovens gays.

Apesar de nunca ter tentado se matar, Paulo Souza, 20, participou desses encontros.

Há quatro anos, ele perdeu o namorado e amigo de infância que, aos 19 anos, pulou do sétimo andar.

“Ele achava que não tinha futuro sendo gay”, conta.

Sucesso e felicidade, no entanto, independem de orientação sexual.

Entre gays assumidos estão Ian McKellen, um dos mais premiados atores britânicos (o Gandalf de “O Senhor dos Anéis”) e Klaus Wowereit, prefeito de Berlim.

O ator brasileiro e gay assumido Evandro Santos, 35, diz que nunca pensou em suicídio. Famoso pelo papel de Christian Pior no “Pânico na TV”, ele foi expulso de casa quando era adolescente.

“Sobrevivi por um sentimento de vingança. Queria ficar vivo para as pessoas verem que eu seria famoso.”






VAI MELHORAR

A organização do It Gets Better calcula que os vídeos da campanha já tenham sido vistos 15 milhões de vezes.

“Estamos decolando!”, comemora o coordenador Scott Zumwalt, que trabalhou na campanha de Obama –e conseguiu a assinatura da republicana Laura Bush para a petição contra o bullying.

Segundo o Folhateen apurou, está sendo negociado um domínio brasileiro na internet para uma possível versão em português do site.
*Nome fictício

EQUAÇÃO DA MORTE


- Em 2008, 711 brasileiros entre dez e 19 anos se suicidaram; não há números específicos sobre gays
- Suicídio é a quarta maior causa externa de morte de jovens entre 15 e 19 anos (a primeira é homicídio)
- Estima-se que o número de tentativas de suicídio supere o número de suicídios em pelo menos dez vezes
Fonte: Ministério da Saúde

-

FATORES INTERLIGADOS

- Pesquisas americanas mostram uma relação entre adolescência, homossexualidade e suicídio
- Jovens gays são de duas a três vezes mais propensos a tentar o suicídio quando comparados a jovens heterossexuais
Fonte: “Gay Male and Lesbian Suicide”, de Paul Gibson

-

QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Sugestões para lidar com o bullying

1. Há situações em que é melhor não mencionar que você é gay. Se você pressente uma reação negativa, avalie se vale a pena se abrir

2. Em caso de bullying na escola, procure o diretor ou um professor. Denuncie a discriminação. É difícil, mas necessário

3. Ser gay não é bom nem ruim. Não determina caráter.
4 O autopreconceito pode ser pior do que o preconceito dos outros

5 Amigos devem acolher, compreender, aceitar e respeitar sua sexualidade
Fontes: André Fischer (do portal Mix Brasil, Miguel Perosa (professor de psicologia da PUC-SP, e Alexandre Saadeh (psiquiatra do Hospital das Clínicas)

-

ÓDIO NA ESCOLA
Alunos concordam com as seguintes afirmações:

26,6%
“Eu não aceito a homossexualidade”

25,2%
“Pessoas homossexuais não são confiáveis”

23,2%
“A homossexualidade é uma doença”

21,1%
“Os alunos homossexuais não são alunos normais”

17,6%
“Os alunos homossexuais deveriam estudar em salas separadas”

p*tagline).
Fontes: Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em estudo de maio de 2009 realizado em 500 escolas públicas brasileiras



ESTÁ TUDO BEM







“Eu não sei o q ue é ser discriminado por ser gay.
Mas eu sei o que é crescer sentindo que você
não pertence a um lugar. (…) O que eu quero dizer é:
você não está sozinho. Você não fez nada de errado. (…)
E há um mun do inteiro à sua espera.”

BARACK OBAMA,
presidente dos EUA.
























sábado, 11 de setembro de 2010

Suicídios e depressão custaram US$ 32 bilhões ao Japão

O governo do Japão disse que suicídios e depressão custaram quase US$ 32 bilhões à economia do país em 2009.

Os números, baseados em um levantamento nacional, somam custos como renda perdida, tratamentos e benefícios sociais. É a primeira vez que o país divulga esse tipo de dado.

O Japão tem um dos índices de suicídio mais altos do mundo - no ano passado, mais de 32 mil pessoas se mataram.

Autoridades dizem que entre as principais causas para depressão e suicídios estão perda de emprego e má situação financeira.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, vê nos números um sinal de tempos ruins, tanto econômica como emocionalmente. Seu governo está criando uma força tarefa para tentar reduzir esses índices.

A partir de sexta-feira, um vídeo com um astro do futebol japonês pedindo às pessoas que fiquem mais atentas ao problema será exibido no site do governo.

Renda perdida
"Uma vez que o número de suicídios no Japão foi superior a 30 mil por 12 anos, o problema que precisa ser enfrentado por toda a nação", disse um representante do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.

"Esperamos que esse estudo leve a medidas de prevenção mais fortes".

O levantamento mostrou que se as pessoas que cometeram suicídio no país no ano passado - 26.500 pessoas com idades entre 15 e 69 anos - tivessem trabalhado até o momento de se aposentar, teriam ganho 1,9 trilhão de ienes (US$ 22,5 bilhões).

Entre os outros custos incluídos no cálculo estão os salários perdidos por pessoas que deixaram de trabalhar por causa de depressão (de US$ 1,9 bilhão), o salário-desemprego pago a essas pessoas, o tratamento médico e outros benefícios sociais.

O premiê Naoto Kan disse que os índices de suicídio são prova daquilo que, segundo ele, está errado com o país: muitas pessoas sofrendo economicamente e emocionalmente.

"Há muitas causas para suicídios. Diminuí-las seria uma forma de construir uma sociedade com um nível mínimo de infelicidade", ele disse.

Mas as atitudes em relação à depressão no Japão também requerem atenção urgente, dizem correspondentes.

Em um país onde estoicismo e consenso são altamente valorizados, muitas pessoas, em particular os mais velhos, veem a doença mental como um problema que pode ser superado se a pessoa se esforçar mais.

Segundo os correspondentes, o uso de psicoterapia para tratar depressão fica bem atrás dos índices praticados na América do Norte e na Europa e médicos japoneses tendem a considerar remédios a única resposta para o problema.

domingo, 29 de agosto de 2010

Jovens Gays - Alto risco de Suicídio na Europa.

Metade dos jovens gays e lésbicas ouvidos em pesquisa feita pelo governo da Holanda já pensaram em cometer suicídio. Quase um em cada dez meninos e uma em cada oito meninas afirmam ter tentado se matar, uma atitude que menos da metade dos homossexuais em geral disse já ter tomado. A tendência é maior entre os mais jovens. É a primeira vez que esses dados são divulgados na Holanda, considerado o país de maior aceitação da homossexualidade na Europa, e geraram um alerta para o tema em outros países do continente.

Em Portugal, tentar suicídio foi um dos sentimentos relatados por vítimas de agressão (verbal ou física) que se queixaram ao Observatório da Educação Educação da Rede Ex Aeqo – associação de jovens homossexuais, bissexuais e transgêneros.

A situação é considerada “preocupante” pelo relatório Just Different, That's All, divulgado no dia 13 pelo Instituto Holandês de Pesquisa Social (SCP, na sigla em holandês), que pede atenção do sistema de saúde do país para a situação psicológica dos jovens.

“Hoje, as políticas do governo são voltadas para [a prevenção de] espancamentos de gays. Mas o risco de suicídio definitivamente se tornará preocupação”, diz Saskia Keuzenkamp, coordenadora da pesquisa, em entrevista ao Opera Mundi. “São dados relativamente novos. Algumas ONGs haviam notado e pedido para o governo fazer algo”. No entanto, a coordenadora da pesquisa aponta que nenhuma medida foi tomada pelas autoridades.

O estudo foi feito com base em questionários destinados a cerca de 1,6 mil jovens entre 16 a 25 anos e 30 entrevistas. O SCP considera o universo amostral como representativo, apesar de não haver uma estatística formal que classifique os indivíduos de acordo com a opção sexual. Os dados sobre o suicídio entre heterossexuais foram obtidos em outras pesquisas sobre o tema.

Identidade

De acordo com o relatório, o risco de suicídio cresce quando o homossexual vive em um ambiente hostil à sua opção. Um em cada quatro jovens (ou 25%) que disseram ser alvo de reações negativas semanalmente afirma ter tentado acabar com a própria vida. No geral, a taxa gira em torno de um em cada oito lésbicas e quase um em cada dez gays.

Os ataques dificultam a autoaceitação em um período que é justamente de formação da identidade do indivíduo e levam também a uma maior ocorrência de depressão. Os gays que regularmente são alvo de rejeição têm três vezes mais surtos depressivos do que os aceitos, segundo os entrevistados no estudo. As lésbicas mais masculinizadas tendem a ser mais deprimidas do que as demais e o mesmo fenômeno acontece entre os gays afeminados, embora a diferença não seja tão grande.

A Holanda tem uma tradição histórica de aceitação do homossexualismo. No país, desde o início do século passado, a prática sexual entre pessoas do mesmo sexo não é proibida – algo que foi considerado crime em Portugal até a década de 1980, por exemplo. O país foi o primeiro do mundo a aprovar o casamento homossexual com direito a adoção, em abril de 2001 – a lei portuguesa foi aprovada em maio e retira expressamente esse direito dos casais.

Em outra pesquisa do SCP, divulgada em março, perguntados se seria inaceitável ter um filho gay ou lésbica, 87% dos entrevistados disseram que não. Entre os jovens ouvidos no relatório mais recente, 7% disseram ser rejeitados pelos pais – o que acontece principalmente em famílias religiosas.

Educação

Mesmo nesse contexto, o sentimento homofóbico ainda causa alarme, também porque o que se diz não é, necessariamente, o que se faz. O relatório holandês afirma haver sinais de um recrudescimento da discriminação recentemente, citando registros de ataques físicos – como espancamentos ocorridos na rua. No caso dos jovens, a atenção é voltada para a escola. Quase um em cada cinco dizem não ser aceitos totalmente no ambiente de ensino.

“O ensino secundário não é um lugar seguro para jovens gays e bissexuais. Os jovens impõem normas sexuais e de gênero rígidas uns aos outros. O escárnio e o bullying são a norma”, aponta o documento. A mesma situação é relatada pelo Observatório da Educação da Rede Ex Aequo em Portugal. “É evidente que, para muitos alunos e alunas, a fase em que descobrem e assumem a sua homossexualidade é muito complicada, frequentemente feita no seio do preconceito e do insulto, num ambiente claramente hostil”, diz Isabel Advirta, da direção da ONG ILGA-Portugal, de apoio à causa homossexual, ao Opera Mundi. “As escolas portuguesas não são, portanto, um território amigável para os e as jovens LGBT.”

Os dados do Observatório da Educação da Rede Ex Aeqo, de Portugal, permitem ter um olhar de relance de como essa hostilidade se constitui. Entre 2006 e 2008, foram recebidas no órgão 92 queixas informais de pessoas que foram vítimas ou presenciaram agressões em decorrência de orientação sexual. Desse total, 76 são alunos e a maioria dos agressores também são estudantes. Um dos relatos, do relatório de 2008, é da discussão entre professores sobre baixar a nota de um aluno após a descoberta de sua homossexualidade. Há situações em que a violência vem de outro homossexual, o que pode ser uma estratégia para coibir a própria opção.

Para Vera Bergkamp, presidente da COC Netherlands - ONG que se diz a mais antiga entidade de defesa dos direitos dos homossexuais no mundo e que tem a juventude como um de seus principais focos de atenção -, a questão da homossexualidade deve ser incluída no conteúdo ensinado em aula. Ela defende, por exemplo, que os professores indiquem a orientação sexual de figuras históricas.

“A escola é um dos locais em que há os maiores problemas. Se você não lê sobre alguém que foi gay, se não se comenta sobre isso, é fácil achar que há um problema com você”, diz a ativista ao Opera Mundi. A Rede Ex Aequo aponta a mesma falha: evita-se a menção à homossexualidade de figuras históricas importantes, o que não contribui para uma visão mais positiva da opção tanto por quem a fez como por quem não a fez, diz o relatório de 2008 do Observatório da associação.

Outros países

Além de serem alvo de rejeição fora de casa de forma mais comum do que os adultos, os jovens tendem a ser mais sensíveis a esses ataques, na opinião de Saskia, a coordenadora da pesquisa holandesa. Por isso, a alta taxa de aceitação pelos pais, identificada na pesquisa, convive com também altos níveis de depressão e pensamento suicida.

“Para os jovens, os pais são importantes, mas os amigos são tão importantes quanto. Na puberdade, é muito importante o que os seus colegas pensam de você”, diz a pesquisadora.

Em 2008, foi perguntado aos europeus se eles concordavam com a frase “os gays e lésbicas devem ser livres para viver como quiserem”. Enquanto aproximadamente 5% dos holandeses afirmaram discordar. Em Portugal, no meio da tabela, de 15%. Já na Rússia, o índice foi de quase 50% - o maior entre 21 países pesquisados.

“Os índices de suicídio entre jovens em geral é muito alto na Rússia. Eu suspeito que entre a juventude LGBT não seja exceção”, diz Polina Savtchenko, coordenadora de projetos da Coming Out ("saindo do armário") e da The Russian LGBT Network. “Nas escolas, não há ajuda disponível para a juventude homossexual. Os psicólogos não estão preparados ou educados para lidar com a orientação sexual adequadamente”, afirma.

Um dos principais lobbys da organização, afirma Polina, é classificar como crime de ódio o ataque contra homossexuais. “Não há proteção contra discriminação com base na orientação sexual. Você pode ser discriminado na escola, no trabalho.” Sem uma política central nesse sentido, o tratamento nas escolas depende da posição dos profissionais da educação em relação ao homossexualismo e a homofobia ocorre entre eles, diz ela.

“Se é claro que em algumas escolas a orientação curricular e a formação pessoal dos educadores ajudam a um ambiente amigável e acolhedor das diferenças, sejam elas quais forem, também é verdade que em outras escolas acontece o contrário”, diz Isabel Advirta, da ILGA-Portugal.

domingo, 22 de agosto de 2010

Suicídio - Dona de Casa e Desempregados

Homens desempregados de 20 a 25 anos e de 31 a 35 anos, mulheres empregadas de 20 a 25 anos e donas de casa e aposentadas de 31 a 35 anos: estes grupos se destacam entre os mais suscetíveis às tentativas de suicídio por ingestão intencional de medicamentos. A conclusão é de um estudo em Londrina que analisou 206 casos registrados pelo Centro de Controle de Intoxicações da cidade. Os casos estudados se referiam a pacientes de 20 a 40 anos que, no período de 1997 a 2007, sofreram intoxicação por medicamentos devido à tentativa de suicídio e foram atendidos no Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná. Os resultados da análise foram publicados na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.

O propósito deste trabalho é contribuir para a análise das tentativas de suicídio por sobredose intencional de medicamentos, uma vez que este é o método utilizado em mais da metade desses eventos”, justificam os autores da Universidade Estadual de Londrina. “Esses números são de grande valia para medidas de detecção, assistência e prevenção do comportamento suicida, visto que, aproximadamente, um quarto dos pacientes tenta o suicídio novamente no ano seguinte, e 30% a 47% dos suicídios consumados apresentam histórico de tentativa prévia”. No mundo, a taxa de suicídio é 16 por 100 mil habitantes. No Brasil, ela é 4,1 por 100 mil habitantes. Se considerarmos apenas a Região Sul, o número sobe para 25,2 por 100 mil habitantes.

Dos 206 casos estudados, 46,1% estavam na faixa etária de 20 a 25 anos e 79,1% eram mulheres. A análise mostrou, ainda, que mais de 40% dos casos do sexo feminino necessitaram de hospitalização, indicando que as tentativas de suicídio, além do custo social, também geram gastos financeiros significativos para o sistema de saúde. Outra observação dos pesquisadores foi a associação do medicamento com outras substâncias químicas em 51,5% dos casos, sobretudo entre homens – 40,7% deles ingeriram o medicamento com bebida alcoólica.

Houve muitos registros de tentativas de suicídio pela ingestão de mais de um tipo de medicamento. Os grupos farmacológicos mais comuns foram tranquilizantes, antidepressivos e anticonvulsivos. Os médicos, portanto, “devem saber avaliar cautelosamente o estado psíquico e emocional do paciente antes de receitar medicamentos psicoativos, que é o grupo farmacológico mais frequente e com maior risco toxicológico nessa situação”, advertem os autores. Para ler a íntegra do artigo científico, clique aqui.

Publicado em 10/8/2010.